“O jiu-jitsu me salvou”: santa-mariense quer transformar o sonho de ser campeão mundial em realidade

“O jiu-jitsu me salvou”: santa-mariense quer transformar o sonho de ser campeão mundial em realidade

Foto: Lucas Souza/Divulgação

Quem pratica e coloca o esporte à frente de tantas outras demandas da vida, compartilha um mesmo sonho: alcançar o nível mais alto possível. Para Lucas Souza de Lima, o "Pulga", este sonho está perto de virar realidade. E já tem data e local: entre os dias 28 e 30 de agosto, em Las Vegas, nos Estados Unidos

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É na cidade famosa pelos cassinos e rodeada pelo deserto de Mojave que Pulga quer viver este momento único na vida de um atleta, ao participar do Campeonato Mundial de Jiu-jitsu. Para isso, falta apenas uma etapa:

– Na outra vez, não consegui ir por causa do visto. Agora deu certo. Falta só a passagem. Conseguimos hospedagem, inscrição, tudo. O que falta é esse recurso final para estar lá – explica o lutador.

Atualmente com 24 anos e faixa roxa, ele treina na Thork, academia de jiu-jitsu de Santa Maria. A rotina é intensa: além dos treinos no tatame, trabalha como personal trainer, faz preparação física e segue uma dieta rigorosa. E a dedicação tem gerado frutos. Em janeiro, Pulga foi campeão europeu, em Lisboa, e acumulou títulos ao longo do ano em nível estadual e nacional. Segundo ele, já são 54 medalhas de ouro na carreira. Elas, inclusive, viraram ritual antes de cada competição:

– Eu coloco a mão em todas as minhas medalhas de ouro, uma por uma, e faço uma oração. Peço para Deus me proteger, para eu não me machucar e voltar campeão. É a minha forma de carregar as conquistas comigo antes de buscar a próxima – conta Pulga.


"Made in Urlândia"

Foi na região sul de Santa Maria, no Bairro Urlândia, que o apelido que hoje o acompanha no tatame ganhou força:
– Se perguntar por Lucas, ninguém conhece. Até a minha mãe me chama de Pulga. Vem desde pequeno, quando eu fazia capoeira e era muito agitado – explica o atleta, que hoje personaliza o próprio kimono com a frase “Made in Urlândia” (“criado na Urlândia”, em inglês).

Para ele, carregar o nome do bairro é uma forma de manter vivas as origens.

– Eu acho muito importante essa questão de raízes, de nunca esquecer de onde a gente veio. Quando eu vou vestir o kimono e olho pra ele, acredito que ele me dá uma força a mais. Eu tenho um carinho imenso pela Urlândia, mesmo tendo me mudado pra o centro para ficar mais perto do trabalho. Eu carrego (o bairro) comigo porque tudo que eu tenho veio de lá: meus amigos, minha família, tudo que tenho é de lá – disse o santa-mariense, que conta, em tom bem humorado, que a frase "Made in Urlândia" já rendeu até alguns questionamentos de outros lutadores:

– Na final do campeonato europeu, um brasileiro me perguntou: ‘Que Uberlândia é essa?’. Tive que explicar que não era "Uberlândia", que era Urlândia, bairro que eu nasci em Santa Maria.”


"O jiu-jitsu me salvou"

Lucas conheceu o jiu-jitsu em 2020, pouco depois de perder o pai para a Covid-19, durante a pandemia. Foi convidado pelo amigo Rafael a experimentar um treino e, desde então, não parou mais. 

– Eu sempre fiz artes marciais assim desde pequeno. Fiz capoeira durante uns 10 anos, depois tentei muay-thai, tentei boxe. Em 2020 eu conheci o jiu-jitsu através de um amigo meu. Eu tinha perdido meu pai há pouco tempo, na primeira onda do Covid. Ele falou "vamos lá, vamos fazer um treino, tu vai gostar, vai ocupar tua cabeça". Dois meses depois eu já estava em uma competição no campeonato gaúcho. Perdi, não ganhei medalha, não peguei pódio, mas me apaixonei ali. Foi um momento difícil e o jiu-jitsu me salvou – conta Pulga.

A paixão de Pulga pela luta é ainda mais evidente quando ele conta sobre a sua "aventura" mais recente: duas competições em dois dias, com uma distância de mais de 740 km percorridos em 13 horas de viagem entre uma e outra

No sábado (5), o santa-mariense esteve em Curitiba, onde disputou o BJJ Pro, na categoria meio-pesado até 88,3 kg da faixa roxa. Na categoria, venceu duas lutas e conquistou a medalha de ouro. Com o pódio, se classificou para a disputa dos absolutos, que reúne atletas de todos os pesos. 

– Eu gosto de lutar o absoluto. A categoria é obrigação, eu vou para ganhar. O absoluto é para me divertir. Na final, lutei contra um cara de mais de 100 quilos”, relata Pulga. Na final, perdeu a luta para Caio Augusto da Silva, campeão da categoria de pesadíssimos.

Ainda no sábado, embarcou em um ônibus para Porto Alegre e, sem descanso, chegou a Gravataí no domingo (6) para competir em mais uma etapa do Campeonato Gaúcho.

– Foram 13 horas de viagem dormindo sentado no ônibus. Cheguei domingo de manhã, e às 11h já estava lutando. Ganhei de novo as duas lutas. Mas dessa vez não consegui disputar o absoluto. Meus dedos estavam inchados.


O grande objetivo

O próximo passo agora é o campeonato mundial, em Las Vegas, que será sua primeira participação no torneio. Na categoria de 82kg faixa roxa, além de Lucas, a competição conta com outros 29 lutadores, entre eles os brasileiros Bernardo Peixoto Magalhães e Edinael Lima Rodrigues. A expectativa é representar não apenas Santa Maria, mas se superar: 

– Quando eu fui campeão europeu foi muito importante. Só de estar lá já era algo de outro mundo, nunca imaginava nem sair de Santa Maria. Então depois de ser campeão eu não abaixei a cabeça. Falei "se eu fui campeão europeu, eu tenho condição de ser campeão mundial também". Hoje é o meu maior objetivo dentro do esporte – afirma Pulga, que conta que, depois do campeonato europeu, vários familiares, amigos e até a namorada começaram a treinar jiu-jitsu também.

Apesar da rotina dedicada, ele ainda enfrenta dificuldades para financiar a carreira. Apesar de contar com uma rede de apoio de amigos e familiares, além de acesso a serviços e produtos de parceiros, o atleta ainda busca garantir mais visibilidade e recursos para competições de grande porte, como o mundial. Pulga mantém uma rede ativa de seguidores e apoiadores nas redes sociais. No Instagram (@pulgapersonal_), compartilha treinos, bastidores das competições e mensagens de incentivo.

Por isso, Pulga fez um apelo, em entrevista ao Papo D Esporte (CDN 93.5 FM), em busca de apoio ao esporte e a sua ida ao Mundial:
— Eu quero deixar um recado para quem tem um pouquinho a mais, especialmente empresários: olhem para o esporte. Ele transforma vidas. Às vezes, muda uma família inteira, um bairro inteiro – disse o atleta.

Confira a entrevista completa


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